domingo, 29 de março de 2015

Uma Birra de 2 dias...Chiça!

Venho aqui em jeito de desabafo e partilha... a ver se aprendo!

O meu mestre, Popotinha, foi acompanhar-me à natação da Pipipon! Terceira vez que foi. Supostamente tem de entrar dentro do "recinto", desta vez até tinha uns chinelos para andar convenientemente calçada no espaço, e tem de estar 30 minutos parada a olhar para piscina, onde pais e bebes sorriem alegremente com exercícios e brincadeiras, até temos bonecos coloridos, cavalos marinhos, e coroas de princesas. Esta descrição já me coloca mais empática ainda com o meu mestre!


A Popotinha, quase no fim da aula, depois de ter brincado com umas coroas, ter molhado as coroas das sereias, e por conseguinte, molhado as mangas, apesar das ter arregaçado, eis que decide que as sandálias novas também mereciam ir à água. Se bem pensou, melhor o fez: arregaçou as calças até aos joelhos, sentou-se na beirinha da piscina e... zuca! Quando vi, pedi-lhe que saísse, que se chegasse para trás, enquanto terminava mais uma voltinha com a Pinipon. Olho para ela, e lá estava ela a fazer a vontade aos pés.
Desobediente? Hum... 

A situação continuou no balneário, onde passava em cima de água que estava no chão, saltava, e decidiu mesmo verificar a situação com as mãos, de joelhos, e com o casaco vestido, já pronta para sair. 

Vim para o carro e disse-lhe que estava mesmo muito zangada com ela! Fui tãooooo convincente que a Popotinha tinha os olhos cheios de lágrimas. (Este paragrafo dá a sensação que fui assertiva, mas acho que fui mais agressiva!)

Depois consegui falar com ela sobre o que não gostei, porque não gostei e o que seria bom que ela fizesse. Ela percebeu, pediu desculpa. Fim!

Não!!!! Eu tava com birra! Eu volta e meia voltava aqui. De cada vez que ela fazia outra coisa que eu não gostava, voltava aqui. 

Carlos Gonzalez, no livro "Bésame Mucho", tem uma história destas. Acrescenta ainda aquela máxima do "Vou contar ao teu pai, quando ele chegar. Ele vai ficar muito satisfeito, ai vai vai." Coitados dos pais que estão ausentes naquele momento específico da birra, ficam sempre com o papel do mau. E nem sequer têm hipótese de escolha.
Depois quando o pai chega a casa, feliz de ver o filho e o filho a ele, fazem uma festa e vem a mãe "Agora conta ao pai o que fizeste!" - Quem é que tem a birra agora?

Pois foi exactamente o que consegui fazer: "Popotinha, agora vais contar ao pai porque estou tão zangada contigo?". Claro que ela não quis contar. E continuei a fazer isso no dia seguinte. 

Estamos a baixar a auto-estima dos nossos filhos, e ainda estamos a alimentar uma má energia. Claro que enquanto me centrei neste acontecimento desta forma, o que consegui foi não lidar bem com mais nada que ela tenha feito. Aconteceu, falou-se, damo-nos a conhecer e propomos a empatia ("Não gostei nada do que aconteceu! E depois quando não fizeste o que te pedi, o que achas que senti?"), reiteramos o que aconteceu e não devia, dizemos o que deveria ter acontecido, se a criança explorar esta parte por si melhor ainda, conseguimos aumentar a criatividade da criança para a procura de alternativas e soluções para o futuro, e pronto! Tudo o resto que fazemos tem a ver com o nosso ego!

Hoje, um rapazinho a brincar com ela, perguntava-lhe "Portas-te bem?". Ela abanava a cabeça que sim e sorria e olhava timidamente para mim. "Vou perguntar à mãe?" - Claro, que não se pode confiar nas crianças. Perguntou e eu disse a olhar para ela "SIM". Os olhos brilharam, a auto-estima restaurou-se!!!

Percebi tudo isto que escrevi, quem estava a fazer a birra, o estrago na auto-estima na Popotinha e acima de tudo: Porque ela fez o que fez? 
A Popotinha adora água, piscina, mar... Solução para a sua desobediência que falei há pouco: ir com ela à piscina!

Quando me perguntam o que fazer para serem mais obedientes, não tão mal comportados (quer dizer que ainda se permite um bocadinho).... pois depende! 

Vamos lá pensar um bocadinho nas necessidades! Estão colmatadas? (Explora aqui mais um bocadinho)

4 comentários:

  1. Quem nunca fez birra que atire a primeira pedra! :)

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    1. “Descobre que pode ter pena de si e que isso não é mau.”
      Carl Rogers em 'Tornar-se pessoa' e António Damásio em 'O erro de descartes', fala-nos do mesmo: “O sofrimento proporciona-nos a melhor protecção para a sobrevivência, uma vez que aumenta a probabilidade de darmos atenção aos sinais de dor e agirmos no sentido de evitar a sua origem ou corrigir as suas consequências."

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  2. Hum...mil ideias borbulham no meu cérebro. ..sabes o q gostava mm?? Discutir estes assuntos em grupo de partilha em x de escrever para uma máquina. .. bj MC

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    1. Seria muitíssimo interessante criar um grupo de pais, educadoras, auxiliares de educação, tios, padrinhos, responsáveis pela educação das crianças, mas acima de tudo em prol do desenvolvimento pessoal de cada um!
      Se tivermos pais mais seguros, com boa auto-estima, temos o modelo que os filhos querem seguir!

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