terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Prevenção de abuso sexual de menores

Tenho tido esta temática na mente e fiz a mesma pergunta que estás a colocar agora: "como é que eu vou falar com o meu filho de três ou quatro anos sobre isto?”. 

Analisando as estatísticas mundiais neste âmbito, temos números alarmantes:

  • 1 em cada 5 crianças é vítima de abuso sexual;
  • mais de 70% são abusos intra-familiares, não necessariamente com laços familiares biológicos, mas pessoas muito próximas da vitima.

Rute Agulhas, psicóloga forense há 17 anos em portugal, no Instituto de Medicina Legal de Lisboa, tem vindo a alertar para esta problemática (em 2003 publica o livro "Amor Baldio-uma Estória de Abuso Sexual Infantil", e agora, em parceria com Alexandra Anciães, também psicóloga forense, publicam o livro "Casos Práticos em Psicologia Forense", com o objectivo de dar maior visibilidade à forma como a investigação cientifica pode e deve estar subjacente aos processos de avaliação psicológica forense.)



Rute Agulhas diz-nos que em Portugal não se faz prevenção dos abusos sexuais de menores, ao contrário do que acontece noutros países, nem há um programa específico para tratar jovens agressores sexuais, o que se torna imperativo quando as estatísticas mostram que metade dos abusadores adultos começaram na adolescência. 

"A partir dos três ou quatro anos, os pais devem começar a advertir os filhos contra os riscos de virem a ser abusados, sem ser necessário falar sobre “masturbação ou penetração'", diz Rute Agulhas na entrevista à Rádio Renascença de 14/02/2015.

Então vamos lá sugerir uma forma de falar com os nossos filhos/educandos sobre estas questões: 

“Temos que falar sobre outro tipo de questões. Temos que ensinar às crianças o que é o corpo, quais são os direitos sobre o corpo, de quem é aquele corpo, quem pode mexer, quem não pode mexer, como é que pode mexer”, exemplifica Rute Agulhas.

Sugiro-te o livro "Kiko e a mão" para leres com o teu filho, e antes disso lê estas recomendações. 
Repara que não precisas de te sentar com o teu filho e dizeres "Agora vamos ter uma conversa séria!". Aproveita momentos de brincadeira ou os mais normais do vosso dia a dia: a tomar banho, numa conversa ao jantar, e coisas de 5 minutos chegam. 


Atenção ainda, aos "não's" que dizes ao teu filho! - És congruente ou coerente???
Às vezes dizemos e pensamos "se é 'não', é 'não' até ao fim". Mas às vezes não é bem assim. Há excepções, e saborosas excepções. Tudo depende das tuas intenções.
Se a minha filha for convencida a perder a virgindade com o namorado, quando adolescente, ela dirá "sim". Combinam e tal. Mas... e se ela não se sentir preparada..?!?! Espero que ela não leve a sério a regra COERENTE que "se é 'sim', é 'sim' até ao fim" e saiba ser CONGRUENTE com aquilo que sente, e volte atrás e saiba dizer "não, não me sinto ainda preparada"!

Pois é! Começa tudo na educação que lhe queremos dar!
Que saibamos respeitar sempre as nossas intenções!

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